sexta-feira, maio 02, 2008

6 - Atributos Morais de Deus

“Adorai ao Senhor na beleza da sua santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra.” Salmo 96:9

Além de ser dotado de poderes ilimitados, Deus também possui o que chamamos de atributos morais. Deus não é um Ser impessoal, como declaram alguns. Ele tem uma personalidade própria, com qualidades inerentes ao Seu próprio Ser. São as qualidades atribuídas ao Seu caráter que vamos estudar neste capítulo.

Se o nosso conhecimento d'Ele se restringisse aos Seus atributos de poder, poderíamos ficar assombrados diante d'Ele, porém, jamais nos sentiríamos à vontade para nos relacionar com Ele.

É a beleza dos Seus atributos morais que produz no ser humano uma admiração profunda, que pode levá-lo a adoração.

“Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu templo.”
SALMO 27:4.

Os atributos morais de Deus podem ser classificados em três grupos: A bondade de Deus; a Santidade de Deus; a Justiça de Deus.

1) A Bondade de Deus

“Bom e reto é o Senhor”, afirma o salmista Davi (Sl.25:8a). E mais: “O Senhor é bom para todos; tem compaixão de todas as suas obras” (Sl.145:9). E que tal esta expressão do mesmo salmista?: “Oh! Quão grande é a tua bondade” (Sl.31:19a).

Em toda a Escritura podemos comprovar que Deus é bom. Este é, sem dúvida, um dos Seus atributos mais admiráveis. E Deus é sempre bom. Não se trata aqui de um sentimento que esteja sujeito a algum tipo de alteração. Deus não experimenta nenhum tipo de nuança em Seu caráter.

Ele é simplesmente imutável ! Portanto, Ele é sempre bom.

Sua postura quanto ao erro é de repúdio e ira, mas, mesmo assim, Ele continua Bom.
Podemos ainda classificar este atributo em cinco manifestações que podem ser distintas:

a) A Bondade de Deus quanto às Suas criaturas em geral. Podemos defini-la como a virtude de Deus que O mantém sempre solícito a tratar generosamente a todas as suas criaturas. Esta virtude é revelada no cuidado que Deus dispensa a cada criatura, por mais insignificante que possa parecer. Mesmos os animais usufruem desta bondade (Sl.36:6; Mt. 6:26), e até os homens injustos (Mt.5:45).

b) O Amor de Deus. O Seu amor é revelado como a expressão má-xima de Sua bondade. Afim de distinguir o Seu Amor de Sua bondade para com todas as criaturas em geral, podemos defini-lo como a virtude de Deus que O impele a comunicar-Se. O Amor é o motivo pelo qual Deus Se comunica a Si mesmo às Suas criaturas racionais. Deus é Amor (1 Jo.4:8). E é por ser Amor, que Ele deseja relacionar-Se com aqueles que criou.

c) A Graça de Deus. Podemos defini-la como a imerecida bondade de Deus para com aqueles se fizeram indignos diante d'Ele devido às suas obras más, merecendo tão-somente a condenação.

Devido à sua condição espiritual, o ser humano está completamente vazio de méritos próprios, e por isso mesmo, 100% de-pendente da graça de Deus.

Paulo afirma que Deus nos ressuscitou com Cristo, e nos colocou numa privilegiada posi-ção espiritual, “para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua GRAÇA, em BONDADE para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef. 2:7-8).

A graça de Deus não é apenas a responsável por nossa salvação, mas também por todos os benefícios que recebemos da parte de Deus.

Tanto a redenção, a justifi-cação, a herança, e até os dons espirituais são recebidos mediante graça, à parte de qualquer mereci-mento humano (Rm. 3:24; 4:16; Tt.3:7; 2 Tess.2:16; Rm.12:6 ).

Concluímos, então, que nada há que tenhamos recebido de Deus que não tenha sido pela Sua inefável Graça.

d) A compaixão de Deus. Um outro importante aspecto da bondade divina é a Sua compaixão. Enquanto que a graça de Deus considera todo homem culpado diante de Deus, e portanto, necessitado de perdão, a Misericórdia divina leva em conta as conseqüências do seu pecado, o que lhe coloca em situação lastimável, e por isso mesmo, necessitado de ajuda divina. A misericórdia de Deus é a bondade de Deus para com aqueles que se encontram em estado de completa miséria espiritual e angústia, sem levar em conta o que realmente merecem. É por Sua misericórdia que Deus está sempre pronto a atender ao grito de socorro de quem quer que seja. Até mesmo àqueles que não O temem. Jesus afirmou que Deus “é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso” (Lc.6:35-36).
É claro que, a forma como Deus é misericordioso para com Seus filhos não é a mesma como Ele é com os que O rejeitam. Se um ímpio clamar por socorro, Deus poderá socorrê-lo momentaneamente, sem com isso alterar o rumo de sua vida, pois sobre o mesmo, enquanto não se converter, permanece a ira de Deus. Todavia, ao cristão cabe o privilégio de permanecer no esco-po da misericórdia divina em todo o momento (1 Pe.2:10).

Portanto, “cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça, para que recebamos mise-ricórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hb.4:16).

e) A Paciência de Deus (Longanimidade). É o aspecto da bondade divina pelo qual Ele suporta o homem obstinado e mal, apesar de perseverar em sua rebel-dia e desobediência.
Tal virtude faz com que a ira divina contra o pecado seja retardada, a fim de que o pecador tenha tempo para se arrepender.

Assim sendo, antes que se cumpram as ameaças de castigo, Deus adverte o pecador, mostrando-Se longânimo. Paulo escreve: “Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento? Mas segundo a tua dureza e coração impenitente, ENTESOURAS IRA para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” (Rm. 2:4-5).

Deus é sempre longânimo. Ele sempre dá tempo para que nos arrependamos (Ap.2:21).

Porém, Sua ira, embora retardada, um dia se manifesta. Não, podemos, portanto, brincar com Deus, achando que Ele nunca vai nos castigar por nossos atos pecaminosos.

Infelizmente, muitos torcem este ensino, tentando tirar algum proveito. Pedro fala sobre isso em sua segunda epístola. Ele escreve:

“Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o
nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que
lhe foi dada. Em todas as suas cartas ele escreve da mesma forma,
falando acerca destas coisas. Suas cartas contêm pontos
difíceis de entender, os quais os indoutos e inconstantes torcem,
como o fazem também com as outras Escrituras, para sua
própria perdição”.

II PEDRO 3:15-16.

Embora a longanimidade de Deus seja um dos aspectos mais gloriosos de Sua bondade, não devemos torcê-la a ponto de banalizá-la. Isso eqüivaleria a converter a graça de Deus em dissolução (Jd.4; Gl.5:13; Rm.6:1; 1 Pe.2:15-16).

Louvemos a Deus pela Sua paciência para conosco; ela é a razão de não sermos consumidos. Ele diz: “Por amor do meu nome retardo a minha ira, e por amor do meu louvor me contenho para contigo, para que não te venha exterminar” (Is.48:9). Somente a bondade do Seu ser explica a Sua longanimidade para conosco. Pedro diz que a razão pela qual Ele é longânimo, é que Ele não quer que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se (2Pe.3:9).

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