sexta-feira, maio 02, 2008

8 - Atributos Morais 3

“O Senhor é conhecido pela sua justiça; enlaçado ficou o ímpio nos seus próprios feitos.” Salmo 9:16.

3) A Justiça de Deus

Este atributo divino está inti-mamente relacionado com a santidade de Deus. Podemos dizer que Sua justiça deriva-se de Sua santidade. É por ter um caráter santo, puro, que Deus deve agir com justiça.

a) Idéia fundamental de justiça. Entre os homens pressupõe-se que haja uma lei a qual todos devem obedecer. Quando o homem obedece à lei que o rege, ele é chamado justo. Será que Deus também deve obedecer a alguma lei que esteja acima d'Ele ? Se não, como, então, podemos afirmar que Ele é justo ? Se há alguma lei que esteja acima do próprio Deus, quem a homologou? Primeiramente, precisamos compre-ender que não há absolutamente nada que esteja acima de Deus. Portanto, Deus não está sujeito a nenhuma lei que esteja acima d'Ele mesmo.

Então, como podemos atribuir-Lhe justiça? Embora não haja lei que esteja acima de Deus, há certamente uma lei que está na própria natureza essencial de Deus. Esta Lei que faz parte do Ser Divino constitui-se no mais elevado modelo, por meio da qual todas as demais leis terão que ser julgadas.

Há na Justiça Divina dois aspectos que precisamos distinguir: a justiça absoluta de Deus e a justiça relativa.

Chamamos “justiça absoluta”, ou “justiça inerente” o aspecto da natureza divina em virtude do qual Deus é infinitamente justo em Si mesmo.

Já a “justiça relativa”, ou “justiça revelada” é o aspecto da justiça divina por meio do qual Ele Se mantém contrário a tudo o que viola a Sua santidade.

A Justiça de Deus se revela, especialmente, em dar a cada um o que corresponde às suas obras.

A justiça inerente de Deus é a base natural de Sua justiça revelada ao tratar com Suas criaturas.

b) Distinções aplicadas à justiça de Deus. Justiça governativa de Deus. É por meio desta justiça que Deus governa sobre bons e maus. Em virtude dela, Ele instituiu um governo moral no mundo, impondo uma lei justa sobre o ser humano, que contém promessas de recompensa para o obediente, e advertência de castigo para o transgressor. Deste modo, Ele Se apresenta como o Legislador de Israel e de todo o mundo, conforme lemos em passagens como Isaías 33:22 e Romanos 1:32.

Justiça retribuitiva de Deus. Está relacionada com a aplicação das recompensas e castigos para com aqueles que obedecem ou trans-gridem a Sua lei. Ele mesmo nos adverte dizendo: “Dizei aos justos que bem lhes irá, pois comerão do fruto das suas obras. Ai dos ímpios! Mal lhes irá! Comerão do fruto das suas obras” (Is.3:10-11). É de Paulo a seguinte advertência: “Deus recompensará a cada um segundo as suas obras” (Rm. 2:6). E Pedro também nos admoesta:

“Ora, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”.
1 PEDRO 1:17.

Podemos ainda dividir este aspecto da justiça divina em duas classes distintas:

1. Aspecto remunerativo. É realmente uma expressão do amor divino que, mediante a Sua infinita bondade, recompensa os homens pelas boas obras que Ele mesmo, pelo Seu Espírito, produziu através deles. Não está baseado em méritos humanos, pois, na verdade, ninguém há que possua méritos o suficiente para receber de Deus algum bem. Jesus disse:

“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.”
LUCAS 17:10.

Jamais podemos nos esquecer que é Ele quem opera através de nós, tanto o querer, como o efetuar, segundo a Sua boa vontade (Fp.2:13). Logo, o homem não tem do que se gloriar diante de Deus. A honra, a glória pertencem unicamente a Ele. Porém, Ele, na Sua infinita graça, nos recompensa de acordo com aquilo que Ele mesmo fez por nosso intermédio (Hb.13:2). Somos tão somente “instrumentos de justiça”, no dizer de Paulo (Rm. 6:13). Diante deste fato, podemos afirmar que as recompensas de Deus para nós são gratuitas, isto é, frutos da Sua graça, e não de nossas obras em si.

2. Aspecto punitivo. Refere-se à aplicação das penas previstas em Sua Lei. É uma manifestação da ira divina contra o pecado. Devido à Sua justiça, Deus está necessariamente obrigado a castigar o mal. Definitivamente, não há lugar para a impunidade na justiça divina. Ela pode até tardar, mas não pode falhar!

Paulo afirma:

“Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade pela injustiça.”
ROMANOS 1:18.

É a partir da Justiça divina que podemos compreender a ira de Deus. Sua ira nada mais é do que a reação do Seu Ser contra tudo o que é injusto. Quando Se ira, Deus não deixa de ser amoroso, bondoso. Ele simplesmente Se coloca contrário à injustiça cometida, sem com isso, perder o Seu amor, mesmo por aquele que cometeu a transgressão.

Quando Sua santidade é violada, Seu amor é negligenciado, Sua misericórdia rejeitada, e por isso, nada mais resta senão a mani-festação de Sua ira, punindo àquele que praticou o ato iníquo.

O escritor sagrado adverte:

“Portanto, devemos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda violação recebeu JUSTA RETRIBUIÇÃO, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”
HEBREUS 2:1-2.

Devemos dar sempre graças a Deus por não mais estarmos debaixo da ira de Deus. Por meio de Cristo, alcançamos a misericórdia, e tornamo-nos justos aos Seus olhos, de forma que, a ira de Deus já não nos está destinada.

No dizer de Paulo, “éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo ( pela graça sois salvos)" (Ef. 2:3b-5).

Ainda de acordo com Paulo “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (I Tess. 5:9).

Convém esclarecer que, embora não mais sejamos filhos da ira, não podemos relaxar em nossa comunhão com Deus, deixando de fazer o bem, pois Deus disciplina os Seus filhos, não motivado pela ira, e sim pelo amor. Deus é justo, e não impedirá que colhamos aquilo que houvermos plantado (ver Hb.12:5-11;Gl.6:7).

7 - Atributos Morais 2

“Firmes são os teus estatutos; a santidade adorna a tua casa, ó Senhor, para sempre.” Salmos 93:5.

2) A Santidade de Deus

a) Sua Natureza. A palavra “santo” quer dizer literalmente “separado” Portanto, quando falamos acerca da santidade de Deus, queremos apontar para a Sua posição em relação à Sua criação.

Embora seja o Autor de toda a criação, Deus não está misturado a ela. Ele é santo; o que significa que Deus é absolutamente distinto de todas as criaturas, sendo exaltado acima de todas elas com indiscritível majestade e glória.

Neste sentido, a santidade de Deus não seria exatamente um atributo moral, tal como o amor, a compaixão, a bondade. Entretanto, Sua santidade pode ser percebida em cada um dos Seus atributos. Ele é santo em tudo o que faz. Suas obras maravilhosas apontam para a majestade de Sua santidade.

Moisés exclama em seu cântico: “Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?” (Êx. 15:11).

Veja o testemunho dado por Deus acerca da Sua santidade:

“Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é SANTO: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.”
ISAÍAS 57:15.

Ao homem mortal cabe reverenciar o Altíssimo, e reconhecer que Sua santidade está fora do alcance da razão humana. Diante de tanta majestade, sentimos a nossa pe-quenez e insignificância.

Há também na santidade de Deus um aspecto ético que diz respeito à nossa relação com Ele. É claro que este aspecto ético está diretamente ligado à Majestade Divina.

O fato de Deus ser moral-mente Santo é a razão pela qual Ele não pode relacionar-Se com o mal. Devido à Sua santidade, Deus não exerce qualquer tipo de comunhão com o pecado.

“Longe de Deus o praticar a impiedade, e do Todo-Poderoso o cometer a iniquidade!”, exclama Eliú (Jó 34:10).

Habacuque declara em oração:

“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.”
HABACUQUE 1:13.

A palavra “santidade” também se refere à pureza moral de Deus.

A santidade moral de Deus não se limita ao aspecto negativo, isto é, à separação do pecado. Ela também possui um sentido positivo que é a excelência moral ou perfeição ética.

Quando nos vemos diante da santidade divina, podemos sentir nossa “profanidade”, e sentir-nos indignos de aproximar-nos d'Ele.

Tal sentimento deveria nos estimular a viver de forma agradável a Deus, a fim de, uma vez conformados à Sua santidade, pudéssemos ser recebidos por Ele.

Podemos definir a santidade moral de Deus como o atributo pelo qual Ele manterá Sua excelência moral, aborrecendo o pecado e exigindo pureza de Suas criaturas morais.

Deus jamais poderia manter qualquer tipo de relação com seres que não atendessem às expectativas de Sua santidade.

A Palavra é clara ao afirmar que “sem a santificação ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).

O próprio Deus nos exorta: “Sede santos, porque eu sou santo” (I Pe.1:16).

b) Sua Manifestação. A santidade de Deus nos é revelada na Lei Moral de Deus expressa, principalmente, nos Dez Mandamentos. Cada um dos Seus mandamentos expressa vigorosamente a santidade devida a Deus.

Após Deus ter entregue ao povo as tábuas contendo o Decálogo, todo o povo de Israel disse: “O Senhor nosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo. Hoje vimos que Deus fala com o homem, e que este permanece vivo” (Dt.5:24).

A perfeição moral de Deus pode ser contemplada na Lei como que por um espelho. Ela tanto nos reflete a santidade de Deus, como denuncia a nossa total incapacidade em cumpri-la à parte da graça de Deus. Esta mesma Lei Moral é implantada no coração do homem pelo Espírito Santo, na ocasião em que se converte. Foi Deus quem fez a promessa :

“Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.”
HEBREUS 8:10b.

Através do Espírito Santo, Deus não apenas nos revela a Sua santidade, como também nos dá condições de atender às exigências impostas por ela. Por meio desta extraordinária operação espiritual, “a justiça da lei se cumpre em nós” (Rm.8:4).

Além disso, a santidade de Deus expressa na Lei é declarada pela consciência humana.

Paulo escreve aos Romanos:

“Quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Eles mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.”
ROMANOS 2:14-15.

Porém, a mais elevada manifestação da santidade de Deus nos foi dada em Jesus Cristo.

Como homem, Ele atingiu o mais alto grau de santidade, cumprindo toda a Lei, e demonstrando total perfeição em Seu caráter. Jesus pôde demonstrar ao homem tudo o que Deus esperava dele para que pudesse com ele relacionar-Se.

Por último, a santidade de Deus é-nos revelada pela igreja, o Corpo de Cristo. Paulo diz que “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar” (Ef.5:25-26).

A igreja, portanto, tem o compromisso de refletir a santidade de Deus ao mundo, vivendo de forma pia, justa e irrepreensível.

Paulo diz que devemos ser “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp.2:15).

Através do contraste entre a igreja e o mundo, a santidade produzida por Deus em Seu povo é realçada.

Somos uma geração eleita no meio de uma geração perversa. Pedro declara:

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a NAÇÃO SANTA, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
I PEDRO 2:9.

Que através de nós, a majestade do nosso Santo Deus possa ser percebida, mesmo por aqueles que jazem nas trevas da ignorância.

6 - Atributos Morais de Deus

“Adorai ao Senhor na beleza da sua santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra.” Salmo 96:9

Além de ser dotado de poderes ilimitados, Deus também possui o que chamamos de atributos morais. Deus não é um Ser impessoal, como declaram alguns. Ele tem uma personalidade própria, com qualidades inerentes ao Seu próprio Ser. São as qualidades atribuídas ao Seu caráter que vamos estudar neste capítulo.

Se o nosso conhecimento d'Ele se restringisse aos Seus atributos de poder, poderíamos ficar assombrados diante d'Ele, porém, jamais nos sentiríamos à vontade para nos relacionar com Ele.

É a beleza dos Seus atributos morais que produz no ser humano uma admiração profunda, que pode levá-lo a adoração.

“Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu templo.”
SALMO 27:4.

Os atributos morais de Deus podem ser classificados em três grupos: A bondade de Deus; a Santidade de Deus; a Justiça de Deus.

1) A Bondade de Deus

“Bom e reto é o Senhor”, afirma o salmista Davi (Sl.25:8a). E mais: “O Senhor é bom para todos; tem compaixão de todas as suas obras” (Sl.145:9). E que tal esta expressão do mesmo salmista?: “Oh! Quão grande é a tua bondade” (Sl.31:19a).

Em toda a Escritura podemos comprovar que Deus é bom. Este é, sem dúvida, um dos Seus atributos mais admiráveis. E Deus é sempre bom. Não se trata aqui de um sentimento que esteja sujeito a algum tipo de alteração. Deus não experimenta nenhum tipo de nuança em Seu caráter.

Ele é simplesmente imutável ! Portanto, Ele é sempre bom.

Sua postura quanto ao erro é de repúdio e ira, mas, mesmo assim, Ele continua Bom.
Podemos ainda classificar este atributo em cinco manifestações que podem ser distintas:

a) A Bondade de Deus quanto às Suas criaturas em geral. Podemos defini-la como a virtude de Deus que O mantém sempre solícito a tratar generosamente a todas as suas criaturas. Esta virtude é revelada no cuidado que Deus dispensa a cada criatura, por mais insignificante que possa parecer. Mesmos os animais usufruem desta bondade (Sl.36:6; Mt. 6:26), e até os homens injustos (Mt.5:45).

b) O Amor de Deus. O Seu amor é revelado como a expressão má-xima de Sua bondade. Afim de distinguir o Seu Amor de Sua bondade para com todas as criaturas em geral, podemos defini-lo como a virtude de Deus que O impele a comunicar-Se. O Amor é o motivo pelo qual Deus Se comunica a Si mesmo às Suas criaturas racionais. Deus é Amor (1 Jo.4:8). E é por ser Amor, que Ele deseja relacionar-Se com aqueles que criou.

c) A Graça de Deus. Podemos defini-la como a imerecida bondade de Deus para com aqueles se fizeram indignos diante d'Ele devido às suas obras más, merecendo tão-somente a condenação.

Devido à sua condição espiritual, o ser humano está completamente vazio de méritos próprios, e por isso mesmo, 100% de-pendente da graça de Deus.

Paulo afirma que Deus nos ressuscitou com Cristo, e nos colocou numa privilegiada posi-ção espiritual, “para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua GRAÇA, em BONDADE para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef. 2:7-8).

A graça de Deus não é apenas a responsável por nossa salvação, mas também por todos os benefícios que recebemos da parte de Deus.

Tanto a redenção, a justifi-cação, a herança, e até os dons espirituais são recebidos mediante graça, à parte de qualquer mereci-mento humano (Rm. 3:24; 4:16; Tt.3:7; 2 Tess.2:16; Rm.12:6 ).

Concluímos, então, que nada há que tenhamos recebido de Deus que não tenha sido pela Sua inefável Graça.

d) A compaixão de Deus. Um outro importante aspecto da bondade divina é a Sua compaixão. Enquanto que a graça de Deus considera todo homem culpado diante de Deus, e portanto, necessitado de perdão, a Misericórdia divina leva em conta as conseqüências do seu pecado, o que lhe coloca em situação lastimável, e por isso mesmo, necessitado de ajuda divina. A misericórdia de Deus é a bondade de Deus para com aqueles que se encontram em estado de completa miséria espiritual e angústia, sem levar em conta o que realmente merecem. É por Sua misericórdia que Deus está sempre pronto a atender ao grito de socorro de quem quer que seja. Até mesmo àqueles que não O temem. Jesus afirmou que Deus “é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso” (Lc.6:35-36).
É claro que, a forma como Deus é misericordioso para com Seus filhos não é a mesma como Ele é com os que O rejeitam. Se um ímpio clamar por socorro, Deus poderá socorrê-lo momentaneamente, sem com isso alterar o rumo de sua vida, pois sobre o mesmo, enquanto não se converter, permanece a ira de Deus. Todavia, ao cristão cabe o privilégio de permanecer no esco-po da misericórdia divina em todo o momento (1 Pe.2:10).

Portanto, “cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça, para que recebamos mise-ricórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hb.4:16).

e) A Paciência de Deus (Longanimidade). É o aspecto da bondade divina pelo qual Ele suporta o homem obstinado e mal, apesar de perseverar em sua rebel-dia e desobediência.
Tal virtude faz com que a ira divina contra o pecado seja retardada, a fim de que o pecador tenha tempo para se arrepender.

Assim sendo, antes que se cumpram as ameaças de castigo, Deus adverte o pecador, mostrando-Se longânimo. Paulo escreve: “Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento? Mas segundo a tua dureza e coração impenitente, ENTESOURAS IRA para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” (Rm. 2:4-5).

Deus é sempre longânimo. Ele sempre dá tempo para que nos arrependamos (Ap.2:21).

Porém, Sua ira, embora retardada, um dia se manifesta. Não, podemos, portanto, brincar com Deus, achando que Ele nunca vai nos castigar por nossos atos pecaminosos.

Infelizmente, muitos torcem este ensino, tentando tirar algum proveito. Pedro fala sobre isso em sua segunda epístola. Ele escreve:

“Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o
nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que
lhe foi dada. Em todas as suas cartas ele escreve da mesma forma,
falando acerca destas coisas. Suas cartas contêm pontos
difíceis de entender, os quais os indoutos e inconstantes torcem,
como o fazem também com as outras Escrituras, para sua
própria perdição”.

II PEDRO 3:15-16.

Embora a longanimidade de Deus seja um dos aspectos mais gloriosos de Sua bondade, não devemos torcê-la a ponto de banalizá-la. Isso eqüivaleria a converter a graça de Deus em dissolução (Jd.4; Gl.5:13; Rm.6:1; 1 Pe.2:15-16).

Louvemos a Deus pela Sua paciência para conosco; ela é a razão de não sermos consumidos. Ele diz: “Por amor do meu nome retardo a minha ira, e por amor do meu louvor me contenho para contigo, para que não te venha exterminar” (Is.48:9). Somente a bondade do Seu ser explica a Sua longanimidade para conosco. Pedro diz que a razão pela qual Ele é longânimo, é que Ele não quer que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se (2Pe.3:9).

5 - Atributos de Poder - Continuação

“...pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.”
1 Coríntios 1:24b


d) SABEDORIA - Deus é plenamente Sábio. No uso deste atributo, Deus usa tanta Sua Onipotência quanto Sua Onisciência. É por Sua infinita Sabedoria que Deus sempre promove o bem de maneira certa e no momento certo.

O salmista exclama: “Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria” (Sl.104:24a).

É no exercício de Sua sabedoria que todo o Seu Poder e Conhecimento são cabalmente utilizados para a execução dos Seus propósitos.

Tal ação divina é chamada de Providência.

A Providência Divina é a Sua Sabedoria em ação. É por ela que Deus promove a execução dos Seus planos, sem se esquecer dos mínimos detalhes.

É pela Providência que Deus mantém o ciclo da vida, sustentando cada ser, dando-lhe alimento e segurança.

Por ser Onipotente, Ele tem capacidade de fazer; por ser Onisciente, Ele sabe o quê fazer; e por ser Sábio, Ele sabe como fazer. Portanto, a Sabedoria Divina é a capacidade de Deus de aplicar corretamente o Seu Conhecimento e Poder.

e) SOBERANIA - Dizer que Deus é Soberano é o mesmo que dizer que Ele tem todo direito de governar Sua criação da forma como desejar.

O próprio Jesus, na parábola dos trabalhadores da vinha, disse: “Não tenho o direito de fazer o que quiser com o que é meu?” (Mt. 20:15a).

Ser algum tem o direito de questionar os desígnios divinos. Tampouco Deus tem a obrigação de prestar contas a quem quer que seja.

Ele diz:

“Eu anuncio o fim desde o princípio, desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam. Eu digo: O meu propósito subsistirá, e farei toda a minha vontade...O que eu disse, eu o cumprirei; formei o plano, e o executarei.”
ISAÍAS 46:10,11b.

Paulo diz que Deus “faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef.1:11b). Ele não precisa tomar conselho com ninguém.

E quem ousaria discutir com Deus?

Paulo trata disso em sua epístola ao Romanos. Ali encon-tramos o apóstolo dizendo: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Dirá a coisa formada ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm.9:20).

Os propósitos de Deus são imutáveis! Ele não muda de opinião. Ele nunca tem uma idéia melhor do que a outra. Seu plano é único, e haja o que houver, ele há de ser executado.

Deus não tem um plano A e um plano B. Se caso o A não funcionar, então Ele lança mão do B. Isso é ridículo! Ele é Soberano, portanto, sabe o que faz, e não precisa de um plano alternativo.

“Pois o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, com-pletando-a e abreviando-a” (Rm. 9:28).

Como Soberano, Ele decreta todas as coisas, e Seus decretos são irrevogáveis.

f) INFINITUDE - Deus é infinito, por não estar sujeito as limitações materiais e temporais.
Sua Infinitude pode ser considerada de duas maneiras:

1. Em relação ao espaço - Uma das características de Deus é a Sua imensidão. Sua grandeza ocupa todo o universo, tanto material quanto espiritual. Em 2 Crônicas 2:5-6a encontramos Salomão declarando:

“A casa que vou edificar há de ser grande, porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses. Porém quem seria capaz de lhe edificar uma casa, visto que os céus, e até os céus dos céus não o podem conter?”


A diferença entre a imensidão de Deus e a Sua Onipresença é que, Sua imensidade diz respeito à Sua presença em relação ao espaço, enquanto Sua Onipresença diz respeito à Sua presença em relação às Suas criaturas.

2. Em relação ao Tempo - Deus é Eterno. Isso quer dizer que Sua existência não tem início nem fim. Jamais houve um tempo em que Ele não existisse. Aliás, quando sequer o tempo existia, Deus já estava lá.

Veja como Moisés expressa esta verdade no Salmo 90:

“Antes que os montes nascessem, os que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus...Pois mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite”.
SALMO 90:2,4.

Por ser Eterno, Deus não está limitado ao tempo. O tempo é algo relativo aos Seus olhos. É como um aquário. Deus o observa, vê os seus limites, porém, vive fora dele. Embora Deus intervenha no tempo, e até reine sobre Ele, Sua existência independe dele.

Da eternidade, Deus enxerga todos os eventos de uma só vez, sejam eles passados, presentes ou futuros. Assim como quem está fora do aquário enxerga todos os lado dele, tendo uma visão que o peixe não consegue ter.

Imortalidade - Quando afirmamos que Deus é imortal, estamos dizendo que Deus não está sujeito à morte. Sua imortalidade é inerente ao Seu próprio ser. Paulo escreve a Timóteo que Jesus “há de ser revelado pelo bendito e único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade”(1 Tm.6:14-16a).

Repare que Ele, embora viva fora do tempo, Ele se manifesta dentro do tempo. Através de Cristo, Deus entrou no aquário do tempo, e se fez homem. Além disso, Ele, ao se fazer homem, submeteu-se à morte, a fim de enfrentar aquele que tinha o império da morte, a saber, o diabo, e vencê-lo em seu próprio terreno (Hb.2:14).

“Mas Deus o ressuscitou, soltas as ânsias da morte, porque não era possível que fosse retido por ela” (At.2:24).

Pelo fato de Cristo ter enfrentado e vencido a morte, Ele nos conferiu imortalidade. Porém, nossa imortalidade não é algo inerente ao nosso ser. É algo que recebemos, por estarmos n'Ele. Não vem de nós mesmos, mas do único que tem a imortalidade: Deus!

Paulo diz que Jesus, ao se manifestar em carne, “destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho” (2 Tm.1:10).

Jesus, ao morrer, não perdeu a Sua imortalidade, e sim, enfrentou a morte a venceu. Era simplesmente impossível que a morte O detivesse, devido à Sua imortalidade.

Jesus diz:

“Eu sou o que vivo; fui morto, mas estou vivo para todo sempre!”
APOCALIPSE 1:18a.

Todo aquele que está em Cristo Jesus, tem a vida eterna. Porém, esta eternidade é derivada, e não algo que seja inerente ao nosso ser.

Terminamos o nosso estudo dos Atributos Divinos de Poder com a seguinte declaração paulina:

“Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele e receber a vida eterna. Ora, ao rei eterno, imortal, invisível, ao único deus, seja a honra e glória para todo sempre. Amém."
I TIMÓTEO 1:15-17.

4 - Os Atributos de Deus

“Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus.” Salmo 62:11.


O que é um atributo divino? Podemos dizer que é uma qualidade que podemos atribuir a Deus. Através do conhecimento de Seus atributos, podemos ter uma imagem mais nítida da Pessoa Bendita do nosso Deus.

Na verdade, não é nada fácil falar acerca de Alguém tão grande como Deus. A mente humana é muito restrita em seus conceitos. Porém, o próprio Deus deseja fazer-Se conhecido, e por isso mesmo, revela os Seus atributos em Sua Palavra.

Quando perguntamos a alguém acerca de uma outra pessoa, geralmente, nós desejamos saber quais são as suas atribuições, a fim de que, mesmo sem conheça-la pessoalmente, possamos ter uma vaga idéia de sua pessoa.

Poderemos perguntar: Qual a sua altura? E a cor dos seus olhos? E o seu temperamento? Esses são alguns dos atributos humanos.

Mas, quando falamos de Deus, Seus atributos são bem diferentes dos atributos humanos, em geral.

Para termos uma melhor compreensão dos Seus atributos, vamos separá-los em dois grupos:

1. Atributos de Poder
2. Atributos Morais



4.1. Atributos de Poder


São os atributos que dizem respeito ao poder de Deus.

a) ONIPOTÊNCIA - “Eu sou o Deus Todo-Poderoso”, disse o Senhor a Abrão (Gn.17:1). Ser Todo-Poderoso é ser dotado de Onipotência. Somente Deus possui este atributo.

Jó reconheceu isto ao declarar: “Eu sei que tudo podes; nenhum dos teus planos pode ser impedido” (Jó 42:2).

Quem seria ousado o bastante a ponto de opor-se àquilo que Deus deseja fazer? “Operando eu, quem impedirá?”(Is.43:13b), ironiza o Senhor.

Nada, absolutamente nada, está fora do alcance do nosso Deus. O que Ele quer, Ele faz, sem ter que pedir permissão a quem quer que seja. “Para Deus nada é impossível”, foi o que disse o anjo a Maria, mãe do Senhor Jesus ( Lc. 1:37).

Seu Poder não tem limites. Foi por meio dele que Ele criou todas as coisas, e é por meio dele que Ele as sustenta (Hb.1:3).

Agora, é obvio que todas as coisas Lhes são possíveis, desde que sejam factíveis. O que quer dizer isto? Por exemplo: Deus jamais poderia fazer uma bola quadrada, ou água seca. Pois tais coisas seriam absurdas e contraditórias em si mesmas. O que restringe o Poder de Deus são os Seus atributos morais, sobre os quais vamos falar mais tarde. Por exemplo: Deus não pode roubar ou mentir, pois estaria negando a Si mesmo, o que Lhe seria impossível (2 Tm.2:13).

b) ONIPRESENÇA - Deus está em todo lugar, ao mesmo tempo. O espaço material não se constitui um empecilho para Ele. O próprio Deus diz:

“Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o possa ver? Diz o Senhor. Não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor”.
JEREMIAS 23:23-24.

Davi escreve em um dos seus mais belos salmos:

“Para onde me irei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer nas profundezas a minha casa, tu ali também estás”.
SALMO 139:7-8.

Por mais que o homem tente fugir de Deus, ele jamais encontrará um lugar onde Deus não esteja presente.

E quanto ao inferno, estará Deus lá também?
O problema não é se Ele está ou não lá, e sim a forma como Ele está lá.
Existem várias formas como Deus se faz presente. Examinemos algumas delas:

1- Ele se faz presente em Glória no céu, diante de todos os que lá O adoram (Is.6:1-3).
2- Ele se faz presente de forma eficaz na ordem natural das coisas (Naum 1:3-4).
3- Ele é providencialmente pre-sente com relação às suas criaturas (Sl.68:7-10).
4- Ele está atentamente presente diante daqueles que O buscam (Mt.18:19-20; At.17:27).
5- Deus está presente como Juiz pronto a disciplinar o ímpio e a despertar sua consciência
(Sl.68:1-2; Gên.3:8).
6- Deus habita corporalmente Seu Filho Jesus Cristo (Col.2:9)
7- Deus habita misticamente em Sua Igreja (Ef.2:12-22).

De fato, Deus está em todo lugar, porém não habita em todo lugar. Nós, a Igreja de Cristo, somos o lugar oficial de Sua habitação aqui na Terra, enquanto, Cristo, em Sua humanidade glorificada, é a Sua habitação oficial no Céu.

c) ONISCIÊNCIA - É a capacidade de saber todas as coisas. Não há nada de que Deus não tenha conhecimento.

“Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento não tem limite.”
SALMO 147:5 .

Ele sabe até mesmo o que se passa na mente do homem (Ez.11:5). Por isso, Davi orava: “Sejam agradáveis as palavras da minha boca, e a meditação do meu coração perante a tua face, ó Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” (Sl.19:14).

O conhecimento divino abran-ge todas as coisas, criaturas, eventos, sejam eles passados, presentes ou futuros.

“Não há criatura alguma encoberta diante dele. Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhas daquele a quem havemos de prestar contas.”
HEBREUS 4:13.

Uma palavra muito impor-tante dentro do conceito de Onisciência é “Presciência”. Segundo Pedro, nós fomos eleitos segundo a presci-ência de Deus (1 Pe.1:2). E o que é presciência? O vocábulo grego traduzido aqui como presciência é prognosis que significa saber com antecipação.
Deus está a par de tudo o que vai acontecer no futuro. Aliás, para Ele, o futuro não existe. Deus vive na Eternidade, e lá não existe passado ou futuro; todos eventos estão sempre presentes diante de Deus. Por isso mesmo, Ele sabe, por exemplo, qual o número exato daqueles que serão alcançados pelo Evangelho.

No Salmo 139 encontramos Davi extasiado diante do vasto conhecimento de Deus. Ali escreve:

“Ó Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar; conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, ó Senhor, tudo conheces...
Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado demais para que possa atingir...Todos os dias que foram ordenados para mim, no teu livro foram escritos quando nenhum deles havia ainda. Quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos!”

SALMO 139:1-4,5,16b-17a.

Diante deste tão glorioso atributo, nós deveríamos agir como Davi. De nada vale ficar questionando isto ou aquilo. Deus sabe todas as coisas, e isto já deveria ser o bastante para que O reverenciássemos.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

3 - Apenas um Trono

Quando o apóstolo João foi arrebatado ao céu, ele afirmou que “UM TRONO estava posto no céu, e ALGUÉM assentado sobre o trono” ( Ap.4:2 ).
Surge, então, a questão: Quem está assentado neste trono? João diz apenas que “alguém” estava lá. Porém, mais adiante, ele diz que os que estavam “diante do que estava assentado sobre o trono” o adoravam, dizendo: “Digno és, Senhor nosso e Deus nosso de receber a glória, a honra e o poder, pois tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existem e foram criadas” (vs.10-11).
Logo, quem está assentado no único trono é o único Deus.
Mas Deus não é triúno? Então, qual dos três estava ocupando o trono, na visão do apóstolo? Seria o Pai, o Filho, ou o Espírito Santo?

Tire suas próprias conclusões. Porém, não sem antes ler o que diz Apocalipse 7:17:

“Pois o Cordeiro QUE ESTÁ NO MEIO DO TRONO os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”

Resta ainda alguma dúvida? É claro que não! É o Cordeiro, isto é, Jesus Cristo, o Deus-Homem, Quem está assentado no Trono do céu.
Ora, se é o Filho que está no trono, onde estará o Pai? A resposta é: no trono. Lembre-se que cada Pessoa da Trindade está inclusa nas outras. Jesus disse que Ele estava no Pai, e o Pai estava nEle. Onde estiver o Filho, ali estará também o Pai e o Espírito Santo.
Já no capítulo 3:21, Ele faz uma maravilhosa promessa dizendo: “Ao que vencer, dar-lhe-ei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci, e ME ASSENTEI COM MEU PAI NO SEU TRONO.”
Portanto, o Filho ocupa o mesmo trono que o Pai.
E como se dá isso ?
Geralmente se diz que o Filho está assentado à direita do Pai. Entretanto, precisamos compreender melhor o que significa a expressão “à destra”, tão encontrada nas Escrituras.
Se o céu nos fosse descortinado, não encontraríamos um trono ocupado por duas pessoas, uma ao lado da outra, como se tem imaginado. Vamos encontrar uma única figura ali, a de Jesus Cristo. A expressão “à destra” significa literalmente, na plenitude do poder. Por isso, quando a Bíblia diz que Ele está à destra de Deus, isto significa realmente, que Cristo está na plenitude do Poder Divino. Ele é Deus no pleno exercício de Suas funções, governando e sustentando todas as cousas pela a Palavra do Seu Poder. Em Hebreus 1:3 lemos que “o Filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas.”
Ora, se é Cristo, o Filho, quem está no trono, onde estaria o Pai ?
Paulo responde a esta pergunta com a seguinte afirmação: “Pois nele (Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col.2:9).
Em Cristo está o Pai. Em Cristo está o Espírito Santo. Em Cristo está Deus por inteiro !
Se n'Ele habita toda a plenitude da divindade, não sobra Deus algum fora de Cristo. Em Jesus está o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Em Jesus, o Deus invisível torna-Se visível; o Deus oculto torna-Se reve-lado; o Deus distante torna-Se próximo.
Terminamos este etapa do nosso estudo desejando que “a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co. 13: 13) Amém.

2 - Um Deus Pessoal

É através das Escrituras Sagradas que Deus Se revela tal qual Ele é. Ninguém poderá ter um vislumbre da Pessoa Divina a não ser pela Revelação contida na Bíblia. Ela é a Palavra Autorizada de Deus. Nenhum outro livro tem a sua autoridade. A Escritura, portanto, é o espelho através do qual podemos ver a glória do Senhor (1 Co.13:12).
Neste módulo, vamos dividir o estudo da Pessoa de Deus em duas partes. Na primeira, vamos estudar a Natureza Divina, e na segunda, os Seus atributos.

2.1. A Natureza Divina

Deus é um Ser Triúno. Isto quer dizer que, embora seja Um, também é Trino. Não há três deuses, e sim, apenas um Deus. Não há três tronos, e sim um Trono sobre o qual está assentado o Único e Soberano Deus.
Podemos ler nas Escrituras muitas afirmações como estas:

“Antes de mim, deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá...Não há outro Deus senão eu...Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim.” Isaías 43:10b; 45:21b; 46:9b.

À vista destas afirmações, seria inadmissível a existência de mais de um Deus.
Antes de todas as coisas, Ele já existia. E ao criar o universo, Ele não estava em busca de algo que Lhe pudesse completar, ou suprir-Lhe alguma necessidade. Ele é auto-suficiente; em outras palavras, Ele Se basta. Mesmo ao criar os seres inteligentes, tais como os homens e os anjos, Ele não buscava alguém com quem relacionar-Se, pois Ele mesmo é um Ser Social em Si mesmo. Ele Se relaciona conSigo mesmo. Daí a pluralidade que há em Seu próprio Ser. Se não houvesse pluralidade em Seu Ser, Ele não teria condição de relacionar-Se com alguém, a menos que criasse esse alguém. Logo, Ele não seria auto-suficiente. Portanto, Ele não seria completo, perfeito, nem tão-pouco seria Deus.
Ao criar os seres viventes, Ele os fez para a Sua glória, e não para suprir alguma carência relacional.
A pluralidade do Seu Ser pode ser percebida logo no início da narrativa sagrada. Ali encontramos o Supremo Criador dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn.1:26a).
Alguns dizem que Deus estava Se dirigindo aos Seus anjos nesta passagem. Então, teremos de admitir que os anjos tiveram participação na criação do homem. Portanto, eles seriam nossos co-criadores. E o que dizer da seguinte passagem: “Então disse o Senhor Deus: O homem agora se tornou como UM DE NÓS, conhecendo o bem e o mal...” (Gn.3:22a)?
Fica claro que Deus não estava falando com anjo algum, e sim conSigo mesmo. Afinal, Deus não toma conselho com ninguém, senão conSigo mesmo (Is.40:13-14; Rm. 11:33-34; Ef.1:11).
Alguns afirmam que não há no Antigo Testamento nenhuma prova acerca da pluralidade do Ser Divino. Então, o que dizer desta passagem: “Chegai-vos a mim, e ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez e eu estava ali, e agora o Senhor Deus me enviou, juntamente com o seu Espírito. Assim diz o Senhor” (Is.48:16-17a)?
Repare que quem fala é o Senhor: O Senhor Deus me enviou, diz o Senhor. Neste versículo, encontramos a Pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Pai é o que envia, o Filho é o enviado, e o Espírito Santo procede de ambos.
Outra passagem que nos desperta igual interesse é o Salmo 110:1, onde lemos:

“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.”

Sabemos, por passagens posteriores, que este é um salmo messiânico, pois foi Cristo quem assentou-Se à destra do Pai, Todo-Poderoso. E que tal esta passagem?

“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, e cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça, e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, O TEU DEUS, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros”.
Hebreus 1:8-9

Se quisermos compreender melhor o mistério da triunidade divina, teremos de lançar mão de algumas analogias.
Nos quadros abaixo, sugerimos algumas analogias apresentadas pela própria Bíblia:

Pai

É - Êx.3:14
Fonte - Jer. 17:
Essência - 1 Tm.1:17
Invisível - 1 Tm.6:15-16
Quem Ama - Jo.3:35
Sol/Fogo - Sl.84:11/Hb.12:29

Filho

Fala - Jo.1:1/Hb.1:2
Rio/Canal - Ez.47:9/Sl.46:4
Expressão - Hb.1:3
Forma Visível - Col.1:15/Fp.2:6
O Amado - Ef.1:6/2 Pe.1:17
Luz - Ap.1:16/Jo.1:9

Espírito Santo

Age - 1 Co.12:11
Água - Jo.7:38-39
Operação - 2 Co.3:18
Poder - At.1:8
Amor - Rm.5:5
Energia/Calor - Col.1:11/Ef.3:7

Podemos ainda sugerir outras analogias práticas acerca da Trindade. O Pai é o Planejador, o Filho é o Locutor, e o Espírito é o Executivo. Na verdade, tanto o Pai, quanto o Filho, e o Espírito Santo, são inclusivos. Isto é, nenhum Deles trabalha só. Suas tarefas são feitas em conjunto.
Todos os títulos dados ao Pai, são compartilhados pelo Filho, e pelo Espírito Santo.
Por exemplo: Tanto o Pai, quanto o Filho são chamados “Senhor dos senhores” (Deut.10:17; Ap.17:14). Ambos são chamados de “Criador”(Ap.4:11; Col.1:16,17).

Já o Espírito Santo também é chamado de:

· Espírito de Cristo - 1 Pe.1:11
· Espírito de Deus - Gn.1:2
· Espírito do Pai - Mt.10:20
· Espírito do Filho - Gl.4:6
· Espírito do Senhor - Is.11:2; 61:1
· Espírito de Jesus - At.16:7; Fp.1:19
· Espírito Eterno - Hb.9:14
· Espírito da Verdade - Jo.16:13

Os títulos que o Espírito recebe é também compartilhado com as demais Pessoas da Divindade. Por exemplo: Tanto o Filho, quanto o Espírito são chamados de Senhor (2 Co.3:17; 1 Co.2:8 ), Verdade (João 14:6; 1 Jo.5:6), Consolador/Advogado ( Jo.14:26; 1 Jo.2:1 ).
Alguns Teólogos destinguem a atuação das Pessoas da Divindade, atribuindo a cada uma delas uma obra específica. Segundo eles, o Pai é o Criador, o Filho é o Redentor, e o Espírito é o Santificador. Porém, todas estas obras envolvem as três manifestações da Divindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão envolvidos ativamente, tanto na criação, quanto na redenção e na santificação.
Por exemplo: Em Hebreus lemos que foi o Espírito Santo quem ofereceu ao Pai o sangue de Cristo para a redenção da humanidade (Hb.9:14).
Até mesmo Cristo recebe o título de “Pai Eterno”(Is.9:6).
Temos que ser cuidadosos para que não caiamos no erro de afirmar que as três Pessoas encontradas na Divindade são exclusivas. Na verdade, tudo que uma é, as outras são. Elas se incluem mutuamente. Sendo uma a síntese das outras.
Afinal, Eles formam um só Deus. Pai + Filho = Espírito Santo.
Jesus afirmou: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, e VIREMOS para ele e nele faremos morada” ( Jo.14:23 ). Ora, nós sabemos que é o Espírito Santo que habita em nós. Como, pois, Jesus promete que Ele mesmo e o Pai viriam e fariam morada em nós? Simplesmente porque, Ele e o Pai, juntos, são o Espírito Santo. Por isso mesmo, Paulo não hesitava em chamar o Espírito Santo de Espírito do Pai, e Espírito do Filho. É de Paulo a afirmação de que há “um só Espírito”, “um só Senhor”, e “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos”( Ef.4:4-6 ). Portanto, quando o Espírito opera, é Jesus quem está operando. Quando Jesus opera, é o próprio Pai quem está operando. Repare nas palavras de Paulo quanto a isso:

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor ( Jesus ) é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo DEUS que opera tudo em todos... Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas...”
I Coríntios 12:4-6,11 .

O Espírito é o mesmo, o Senhor é o mesmo, e Deus é o mesmo. Pai, Filho e Espírito Santo co-existem desde a eternidade, trabalhando juntos, e ocupando o mesmo Trono.
Pai

O próprio Cristo deixou claro este ensinamento, quando disse: “Crede-me quando digo que estou no Pai, e o Pai está em mim; pelo menos crede por causa das mesmas obras” ( Jo.14:11 ).
Portanto, no Pai está o Filho e o Espírito Santo. No Filho, está o Pai e o Espírito. E no Espírito Santo está o Pai e o Filho.
Em 1 João 5:7 lemos: “Pois três são os que dão testemunho no céu: o Pai,a Palavra (Jesus ), e o Espírito Santo; e estes são um.”
Se queremos encontrar o Pai, precisamos ir ao Filho; e somente o Espírito Santo nos revela o Filho ( Jo.14:6-9; Mt.11:27; Ef.1:17; Jo.16:13-14 ).
Logo no início de sua narrativa, João afirma: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou” (Jo.1:18).
Jesus é o Deus Unigênito, isto é, o Deus único. “Ele é a imagem do Deus invisível” (Col.1:15a).
Quando se olha para o Filho, vê-se o Pai. Jesus disse: “Se vós me conhecêsseis, também conheceríeis a meu Pai. De agora em diante o conheceis , e o vistes... Quem me vê, vê o Pai” (Jo.14:7,9b).

1 - O que é Doutrina?

Por causa da confusão que se faz em torno deste tema, muitos nutrem verdadeira ojeriza a ele. A palavra "doutrina" tornou-se sinônimo de opressão, legalismo, regulamentos. Precisamos resgatar seu sentido original.
O apóstolo Paulo advertiu a Timóteo que “haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” ( 2 Tm.4:3-4 ). São estes acerca dos quais “o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” ( 1 Tm.4:1 ).
A preocupação de Paulo deveria ser a nossa preocupação hoje, pois momentos de transição como o que estamos vivendo são sempre propícios à “enxurradas” de falsas doutrinas, como já temos visto em alguns círculos. E para combatermos às falsas doutrinas, não há alternativa senão apresentar a verdadeira doutrina de Cristo.
De nada adianta nos omitir, evitando o assunto. Ensinar a Sã Doutrina deve ser atividade prioritária daqueles a quem Deus confiou o Seu rebanho.
Despedindo-se da igreja em Éfeso, Paulo reuniu os seus bispos e declarou: “Mas em nada tenho a minha vida preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. Agora, na verdade, sei que nenhum de vós, entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu rosto. Portanto, hoje vos declaro que estou inocente do sangue de todos. Pois nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” Até aqui, Paulo prestava um breve relatório daquilo que ele havia procurado realizar entre os efésios, e se declara “inocente”, isto é, sua consciência estava tranqüila quanto ao cumprimento do seu dever. Quantos pastores, ao deixar o púlpito de sua igreja, experimentam esta sensação de “missão cumprida”? Será que tem-se pregado “todo o conselho de Deus”? Ou será que tem-se evitado alguma doutrina que parece não atender aos interesses de alguns ministérios ?
Será que a igreja deste começo de milênio tem mais pregadores dos Conselhos de Deus, ou pregadores de fábulas? Repare bem no conselho que Paulo deixa para aqueles bispos efésios:

“Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas para atrair os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre os que são santificados.”
ATOS 20:24-32 .

Estes lobos cruéis já há muito se infiltraram na igreja. São homens que tudo quanto fazem tem como objetivo atrair as pessoas para si mesmos, e não para Cristo.
Mateus encerra sua narração acerca da vida terrena de Cristo da se-guinte forma: “Chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide e fazei discípulo de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas coisas que eu vos tenho mandado. E cer-tamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século.” (Mt. 28:18-20).
A ordem de Cristo é ensinar. Não basta pregar, curar, falar em línguas, batizar. É preciso ensinar!
Se negligenciarmos isso, seremos fortes candidatos a sermos “levados ao redor por todo vento de doutrina”( Ef.4:14 ).
Hoje, a igreja parece mais preo-cupada em “buscar poder”, isto é, buscar as manifestações dos dons espirituais. Se queremos de fato ser poderosos, não podemos dispensar a doutrina de Cristo. Paulo diz que o bispo ( e por que não o cristão comum? ) “deve reter firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso...” (Tt. 1:9a).
Muito do que se tem ensinado ao povo de Deus está completamente fora dos ensinos escriturísticos e do padrão da sã doutrina.
Até revelações extrabíblicas têm surgido no seio da igreja. Note como Paulo adverte aos Coríntios acerca disso:

“Ora, irmãos, apliquei estas coisas figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós, para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro.”
I CORÍNTIOS 4:6 .

Eis o que as igrejas precisam aprender urgentemente: Não ir além do que está escrito!
Alguns ensinos são antibíblicos, e esses são facilmente reconhecidos. Mas tudo o que é extrabíblico é mais fácil de ser aceito no arraial evangélico. Antibíblico é todo ensino que opõe-se explicitamente à doutrina cristã. Extra-bíblico é aquele ensino que, aparentemente não encontra nada que lhe possa opor-se dentro das Sagradas Escrituras. Não há nada contra, mas também não há nada a favor. Este tipo de ensino é mais perigoso, pois adentra sorrateiramente em nosso meio.
Boa parte daquilo que se ensina em alguns círculos evangélicos é fruto das tradições her-dadas do catolicismo, e do sincretismo popular. Não são poucas as pessoas que se convertem ao cristianismo, mas trazem consigo costumes e elementos da sua antiga religião. Essas pessoas precisam ser ensinadas com amor para que deixem suas tradições e abracem o Evangelho em toda a sua pureza.
Só seremos considerados bons ministros se tomarmos o exemplo de Paulo, desmascarando os falsos mestres e denunciando suas falsas doutrinas. Paulo diz a Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas...Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação... Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1 Tm.4:6-7a,9,13).
Veja que Paulo enfatiza que a Palavra é digna de toda aceitação.
É preocupante ver alguns líderes que acham que devem escolher aquilo que o povo deve ou está preparado pra saber. Para eles, há mensagens que, embora corretas e inspiradas, não são convenientes. Será que esses homens podem dizer o que Paulo falou em sua despedida dos efésios (At.20:24-32)?
Será que há alguma doutrina nas Escrituras que Deus não queira que seja ensinada. Então, por que está lá? Qual a sua utilidade?
Paulo afirma que “tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm. 15:4).
Só seremos bons ministros quando usarmos de ousadia e ensinarmos a Sua doutrina.
Somente assim, sendo fiéis à nossa vocação, seremos considerados “como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” ( 1 Co.4:1-2 ).
Estes mistérios de Deus são revelados a igreja através dos ministros, tomando um corpo sistematizado, a que chamamos de doutrina.
Doutrina, entretanto, não diz respeito a um código de conduta, ou regras estabelecidas para refrear e estreitar a liberdade.
A palavra “doutrina” é traduzida do grego didaquê que quer dizer ensino, instrução. Podemos definir doutrina como sendo o conjunto das verdades fundamentais da Bíblia. Por exemplo: arrependimento, ressurreição, justifica-ção pela fé, salvação pela graça, são doutrinas cristãs autênticas. Já a reencarnação, a salvação pelas obras, o karma, são doutrinas advindas do espiritismo.
Esperamos que estes estudos venham elucidar muitas questões, denunciando o erro e apresentando a eterna doutrina de Cristo.
Que o apelo de Deus possa sensibilizar a todos os que O amam:

“Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei, e a terra ouça as palavras da minha boca. goteje a minha doutrina como a chuva, destile o meu dito como o orvalho, como chuvisco sobre a erva, e como gotas de água sobre a relva.”

DEUTERONÔMIO 32:1,2 .

Que cada capítulo deste estudo possa ser uma gota desta doutrina maravilhosa.
Amém.